O amor prospera na espera. A espera vai caminhando pelos espaçosos campos do Tempo no sentido da Ocasião.
Quanto a mim, creio que sou um homem probo: sou fiel aos meus amigos, não minto senão quando faço uma declaração de amor, amo o saber e, pelo que dizem, faço bons versos. Por isso as damas consideram-me galante. Queria escrever romances, que estão muito na moda, mas penso em muitos deles e não me atrevo a escrever nenhum…”
- Em que romances pensais?- Às vezes olho a lua, e imagino que aquelas manchas são cavernas, cidades e ilhas, os lugares que brilham são aqueles onde o mar recebe a luz do Sol como o vidro de um espelho. Queria contar a história do seu rei, das suas guerras e das suas revoluções, ou as infelicidades dos amantes de lá que no decorrer das suas noites suspiram olhando a nossa terra. Gostaria de contar da guerra e amizade entre as várias partes do corpo, os braços que dão batalha aos pés, e as veias que fazem amor com as artérias, ou os ossos com o miolo. Perseguem-me todos os romances que eu desejaria escrever. Quando estou no meu quarto parece-me que estão todos a minha volta, como diabinhos, e que um pe puxa por uma orelha, outro pelo nariz, e que cada um deles me diz: «Senhor, fazei-me, sou belíssimo.» in A ilha do dia antes de Umberto Eco
Quanto a mim, creio que sou um homem probo: sou fiel aos meus amigos, não minto senão quando faço uma declaração de amor, amo o saber e, pelo que dizem, faço bons versos. Por isso as damas consideram-me galante. Queria escrever romances, que estão muito na moda, mas penso em muitos deles e não me atrevo a escrever nenhum…”
- Em que romances pensais?- Às vezes olho a lua, e imagino que aquelas manchas são cavernas, cidades e ilhas, os lugares que brilham são aqueles onde o mar recebe a luz do Sol como o vidro de um espelho. Queria contar a história do seu rei, das suas guerras e das suas revoluções, ou as infelicidades dos amantes de lá que no decorrer das suas noites suspiram olhando a nossa terra. Gostaria de contar da guerra e amizade entre as várias partes do corpo, os braços que dão batalha aos pés, e as veias que fazem amor com as artérias, ou os ossos com o miolo. Perseguem-me todos os romances que eu desejaria escrever. Quando estou no meu quarto parece-me que estão todos a minha volta, como diabinhos, e que um pe puxa por uma orelha, outro pelo nariz, e que cada um deles me diz: «Senhor, fazei-me, sou belíssimo.» in A ilha do dia antes de Umberto Eco